No Brasil não há demanda pelo kit hidráulico frontal em tratores
- gilbertokonageski10
- 1 de jul. de 2015
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No Brasil não há demanda pelo kit hidráulico frontal em tratores
No Brasil, nas aplicações de plantio ou preparo de solo o implemento traseiro ainda é a melhor opção
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Tratores com o hidráulico frontal, feitas na Exposição Internacional de Máquinas para Agricultura, EIMA, Bologna, Itália, 2010. Crédito: Adair Sobczak
Adair Sobczak
Quando os produtores rurais brasileiros visitam feiras agrícolas em outros países, como a Farm Progress Show, nos Estados Unidos e a Exposição Internacional de Máquinas para Agricultura, Eima, realizada em Bologna, Itália, se deparam com tecnologias diferentes das empregadas em nosso País, entre elas o hidráulico frontal em tratores – engate de três pontos, tomada de força e conexão de mangueiras –, sistema muito utilizado na Europa e Estados Unidos.
No Brasil, nas aplicações de plantio ou preparo de solo o implemento traseiro ainda é a melhor opção
Especialistas na área explicam que o Brasil possui, hoje, o que há de mais moderno no Mundo em termos de máquinas e tecnologias. No entanto, suas características de produção impõem demandas específicas, muitas vezes, incompatíveis com as existentes em países de clima frio. Desta forma, a implantação de tecnologias como o hidráulico frontal em tratores no Brasil não teria, segundo as fabricantes, tamanha relevância que possui em países do Velho Continente.
“Enquanto aqui, o sistema de plantio direto é o mais adotado, lá, grande parte da agricultura é caracterizada por técnicas convencionais, existindo muita aplicação de implementos de três pontos dianteiros, como nos trabalhos de alimentação animal (produção de forragem para o gado confinado), enquanto no Brasil, a grande maioria dos bovinos é criada solta, em pastos naturais ou cultivados”, explica Jak Torretta, diretor de produtos da AGCO.
Torretta acrescenta que, a limitação de áreas produtivas e o inverno rigoroso, também contribuem para práticas conjugadas. “Nosso sistema, hoje, não exige a implantação do hidráulico frontal nos tratores, e sim, outros tipos de tecnologias, como equipamentos para AP, tratores de maior potência, para aproveitamento do tempo durante as janelas agrícolas, etc. É muito raro, atualmente, encontrarmos produtores que solicitem a implantação do hidráulico frontal nas máquinas”, diz. Isso, porque não há demanda pela tecnologia, uma vez que o custo de instalação não seria significativo. “Em um trator com mais de 100 cv, por exemplo, a implantação do kit de hidráulico frontal, composto de três pontos dianteiros mais a tomada de força dianteira, acarretaria um aumento de preço entre 5% e 8% na máquina”, aponta Torretta.
Tecnologia esta, coerente com as necessidades de cada país, atividade agropecuária desenvolvida e tamanho de propriedade, o que faz com que determinado equipamento e ou implemento desenvolvido e adotado em outros países, por exemplo, não encontre demanda e utilização prática no Brasil. Tecnologia, como a instalação do hidráulico frontal em tratores, muito utilizado na Europa em função das características das propriedades daqueles países, dotadas, principalmente de pequenas áreas. Isso ocorre, segundo Cazarim, porque as condições de trabalho em países europeus é totalmente diferente da realidade de trabalho na América Latina.
“Ainda não existe demanda para este tipo de sistema no Brasil, pois aqui, o tipo de manejo é diferente. Temos outros cuidados com o solo que exigem um determinado tipo de aplicação, e na grande maioria, implementos frontais são para pequenas extensões de terra, mesmo que em tratores de alta potência”, explica.
Embora não exista um valor preciso, pois este é formado mediante estimativas que envolvem volumes e demandas com barganha, Cazarim estima que o custo de instalação do sistema elevaria o preço final do trator em cerca de 5 mil euros. “A adoção da tecnologia no Brasil, não tem ligação com o preço, pois quando a aplicação é necessária, o produtor paga por ela sem muitos problemas, a exemplo da agricultura de precisão. Isso tem ligação direta com a aplicação, pois a produção em larga escala não abre espaço para implementos frontais”, observa.
Paulo Verdi, especialista em Marketing e Produto na área de Tratores da John Deere, defende que nem todas as características desenvolvidas na Europa ou Estados Unidos são aplicáveis ao Brasil. “Depende muito da aplicação. A Europa, por exemplo, trabalha muito com operações para feno e forragem, atividades em que o hidráulico frontal ajuda bastante. No Brasil, as aplicações são mais de plantio ou preparo de solo, quando o implemento traseiro ainda é a melhor opção”, destaca.
No mercado nacional, segundo Verdi, são raríssimas as solicitações por este dispositivo. Mesmo na Europa ou Estados Unidos, ele é opcional e tem um custo significativo para o cliente. “Certamente tem que haver uma necessidade muito clara ou o dispositivo não se paga”, aponta, ressaltando que, no país americano, por exemplo, o custo pode chegar ao redor de 5% do valor de um trator de 200 HP. “Em tratores menores, a tendência é de um impacto ainda maior”, destaca Verdi.



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